12 março 2019

Inovação: o ingrediente que desafia as universidades

Além do tripé ensino, pesquisa e extensão, professores defendem papel mais ativo das instituições na promoção da inovação tecnológica
Ensino, pesquisa e extensão: este tem sido o lema das universidades públicas brasileiras pelos últimos 30 anos, seguindo o princípio da indissociabilidade dessas três funções, estabelecido no Artigo 207 da Constituição Federal de 1988. Cada vez mais acadêmicos, porém, defendem a inclusão de um quarto ingrediente nessa receita: o da inovação tecnológica.
Além de produzir conhecimento científico, muitos pesquisadores acreditam que as universidades devem assumir um protagonismo mais efetivo no processo do desenvolvimento de novas tecnologias, induzindo a transformação desse conhecimento em produtos e serviços inovadores, que atendam a demandas específicas da sociedade.“As universidades são financiadas com recursos públicos, e a resposta às demandas da sociedade é algo esperado daqueles que a financiam”, disse o professor do Instituto de Biociências (IB) e diretor da Agência USP de Inovação (Auspin), Antonio Carlos Marques, durante a mediação de um debate sobre o perfil “ganha-ganha” das relações entre empresas e universidades na promoção da inovação.“Hoje em dia as universidades têm de prestar contas não só aos seus alunos, mas também à sociedade”, reforçou o engenheiro Julio Meneghini, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP e diretor científico do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), uma iniciativa multimilionária financiada pela Shell e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com a USP.
O nome SciBiz simboliza o encontro do mundo da ciência (science) com o dos negócios (business). O que não significa que as universidades públicas devam atuar como empresas, muito menos abrir mão da pesquisa básica ou da sua liberdade acadêmica, mas trabalhar em parceria com o setor privado para fomentar o empreendedorismo e potencializar, sempre que possível, a transformação da ciência em tecnologia — ou seja, a aplicação do conhecimento científico no desenvolvimento de novos produtos e soluções tecnológicas que sejam de interesse do mercado e da sociedade.  Leia mais   Fonte: Jornal da USP - 7/3/2019

Iniciação Científica e Tecnológica


O Programa de Iniciação Científica e de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação atende alunos dos cursos de graduação desde 1983, colocando-os em contato com grupos e linhas de pesquisa para proporcionar aprendizagem de técnicas e métodos científicos. Visando estimular o desenvolvimento pessoal, profissional e o pensamento crítico, o aluno é orientado por um pesquisador experiente e atuante em sua respectiva área do conhecimento, sob as condições criadas pelo confronto direto com os problemas práticos da pesquisa. O estudante pode desenvolver pesquisa com bolsa oferecida pelas agências de fomento, com bolsa de programas da própria USP ou sem bolsa. Confira o Guia para a Iniciação Científica e Tecnológica elaborado pela PRP.   Fonte: PRP-USP

30º Aniversário da rede mundial de computadores

A rede mundial de computadores celebra o aniversário de 30 anos nesta terça-feira (12) e o Google lançou um Doodle para comemorar. A World Wide Web (WWW), foi criada por Tim Berners-Lee em 12 de março de 1989. Naquela data, o engenheiro britânico criava o método pelo qual seria possível obter acesso público à Internet, tecnologia que havia sido desenvolvida nos anos de 1960 por militares dos EUA.


07 março 2019

Portal de Periódicos da CAPES dá início à programação de treinamentos on-line de 2019


A comunidade acadêmica brasileira que utiliza o Portal de Periódicos da CAPES tem à disposição, desde 2016, o treinamento on-line para uso das ferramentas disponíveis. Ano após ano o serviço passa por melhorias, com o objetivo de ampliar o número de capacitados e atender a demanda dos usuários que buscam atualização para a rotina de estudos e pesquisas. A agenda de capacitação de 2019 terá início em 11 de março. As inscrições estão abertas.
A estrutura dos treinamentos passou por uma remodelagem, mas continuará acessível em ambiente virtual. A tecnologia utilizada pela CAPES é o Mconf – serviço de multiconferência desenvolvido pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). A capacitação permanece gratuita e disponível para todos os interessados. Os usuários têm direito ao certificado de participação autenticado, agora com novo layout e descrição do conteúdo ministrado no dia.

Alunos, professores, bibliotecários e pesquisadores já encontram no link de treinamentos as turmas disponíveis nos meses de março, abril, maio, junho e julho. Para quem pretende se programar para o segundo semestre do ano, o cronograma dos outros meses será aberto em maio. Segundo a bibliotecária do Portal de Periódicos Mariana Castro, “os treinamentos on-line seguirão até 20 de dezembro de 2019 sem interrupções”.
A capacitação on-line é voltada para acadêmicos e profissionais que desejam conhecer o Portal de Periódicos e as bases específicas do conhecimento, estimulando o interesse em pesquisas e promovendo a divulgação do acervo, o contato com a interface do Portal e o aumento da utilização do conteúdo. Para 2019, as bases foram distribuídas em semanas temáticas de acordo com a classificação de áreas da CAPES: ciências exatas e da terra; ciências biológicas; engenharias; ciências da saúde; ciências agrárias; ciências sociais aplicadas; ciências humanas; linguística, letras e artes e multidisciplinar.  Confira a programação
Fonte: Portal de Periódicos da CAPES

Tabela periódica resume todo conhecimento do mundo

Cada um dos elementos indica uma parte da natureza, interpretada ou ressignificada pelo homem; tabela completa 150 anos em 2019


Uma tabela com inúmeras letras. Toda pessoa que já estudou química deve ter se deparado com ela. Mais do que letras, a tabela periódica representa parte da natureza analisada e ressignificada pelo homem. O Carbono, por exemplo, é a base para a construção de nanotubos supercondutores nos computadores mais modernos e também está em tudo que há de orgânico. A invenção do russo Dmitri Mendeleev, lá em 1869, vai muito além da tabulação. Ela guarda histórias como a da cientista polonesa Marie Curie, responsável pela descoberta do Polônio e do Rádio, que adaptou veículos para realizar raio-X nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, após descobrir o elemento Rádio. 
O Brasil também tem histórias relacionadas à tabela e envolvendo o elemento de número 42, o Molibdênio. Na década de 1960, quando poucos cientistas acreditavam que a fixação biológica de nitrogênio (FBN) poderia competir com fertilizantes minerais, à base de potássio, a cientista checo-brasileira Johanna Döbereiner iniciou um programa de pesquisas sobre os aspectos limitantes da fixação biológica de nitrogênio (FBN) em leguminosas tropicais. Esses estudos iam no sentido inverso ao da orientação dos Estados Unidos, maior produtor mundial de soja, que elaborava tecnologias de produção apoiadas no uso intensivo de adubos nitrogenadas.
Os estudos de Johanna permitiram que a fixação do nitrogênio pelas plantas fosse feita pela bactéria rhizobium – responsáveis por transformar o nitrogênio gasoso em amônia, através do molibdênio. Dessa forma, a soja gerava seu próprio adubo. O método, que começou na soja, mostrou-se muito eficiente em diversas outras culturas, e alavancou a produção alimentícia. A façanha rendeu a cientista checo-brasileira uma indicação ao prêmio Nobel.  Leia mais 
Fonte: Jornal da USP - 1/3/2019

Para mover a pesquisa de quantidade para qualidade, vá além das boas intenções

O cientista-chefe australiano Alan Finkel pede ações formais para melhorar as práticas de pesquisa. Esta é uma tradução livre da matéria publicada na revista Nature de 19 de fevereiro de 2019 

As instituições devem atender aos crescentes pedidos para abandonar a contagem de papers e métricas similares para avaliar os pesquisadores. Uma abordagem alternativa, a Regra dos Cinco, demonstra um compromisso claro com a qualidade: os candidatos apresentam seus cinco melhores artigos nos últimos cinco anos, acompanhados de uma descrição da pesquisa, seu impacto e sua contribuição individual. Os números exatos são imateriais: o que importa é o foco na qualidade. Um punhado de instituições exigiu que os revisores considerassem contribuições individuais em vez de listas de publicações, e a mudança não foi fácil. Os revisores devem ser orientados em relação índices-H e listas de citações dos indivíduos pesquisados ​​no Google, por exemplo. 

As instituições devem fornecer instruções explícitas em integridade de pesquisa, gerenciamento de dados e expectativas profissionais

Os financiadores devem assumir a liderança para impulsionar essas mudanças. Apenas os candidatos que concluíram um programa de treinamento de integridade credenciado devem ser elegíveis para subsídios. Agências como o Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da Austrália já adotaram a Regra de Cinco para alguns programas. Eles devem ir além e garantir que as avaliações dêem importância à contribuição de um candidato para práticas profissionais – como orientação e revisão por pares.
As revistas precisam passar de distribuidores de conhecimento para guardiãs do conhecimento. Guardiões não publicam e esquecem. Eles garantem que os dados permaneçam acessíveis e priorizam as preocupações sobre a qualidade da pesquisa. Isso inclui investigações imediatas quando se suspeita que a pesquisa publicada é falha. Um artigo retratado não deve desaparecer. Deve ser claramente marcado como ‘RETRACTED’ nos sites dos periódicos e alguns esforços devem ser feitos para notificar os leitores e citadores sobre o assunto. Essas normas foram codificadas pelo Comitê de Ética da Publicação e pelo Center for Open Science. A adoção dessas normas ficam restritas aos editores e, como resultado, as retratações se propagam incessantemente. Análises descobriram que muitos artigos recebem mais citações após a retratação do que antes. Leia mais

As revistas precisam passar de distribuidores de conhecimento para guardiãs do conhecimento. Guardiões não publicam e esquecem.


01 março 2019


Você e as bibliotecas USP


A quem interessa atacar a ciência? E por quê

Mudanças climáticas – Foto: Tumisu via Pixabay / CC0
Artigo de Paulo Artaxo - professor do Instituto de Física (IF-USP)

recente movimento global “anticiência”, do qual o presidente Trump é um dos expoentes, tenta colocar a ciência em xeque, quando os resultados científicos não apoiam seus interesses. Com a questão das mudanças climáticas não poderia ser diferente. Portanto, pode-se afirmar, de antemão, que as manifestações “anticiência” não são questionamentos científicos propriamente ditos, mas uma clara investida no sentido de desconstruir discursivamente a credibilidade científica com o objetivo de defender posições econômicas, políticas ou até religiosas próprias. Assim, qualquer tentativa de trazer ao debate o método científico nesta discussão é inócua.
No caso específico das mudanças climáticas, a posição de negação à ciência é emblemática. O enfrentamento das questões climáticas vai exigir profundas mudanças no sistema socioeconômico em nível global e nacional, de acordo com o recente relatório SR1.5 do IPCC (https://www.ipcc.ch/). Os setores econômicos que hoje arrecadam trilhões de dólares, obviamente, não têm interesse em diminuir seus lucros, mesmo à custa de colocar em risco o futuro da humanidade e, em última análise, o futuro de seu próprio negócio. Não há uma visão de longo prazo acerca dos danos possíveis e prováveis ao nosso planeta.
Convém salientar que ciência, por definição, é um processo dinâmico de construção do conhecimento, em permanente evolução. Não é imutável, nem poderia. No caso das mudanças climáticas, não se pode ignorar o atual estágio de robustez a que chegou a ciência do clima, com resultados sólidos nas pesquisas e também com a intensificação de eventos climáticos extremos, tais como secas severas, queimadas, enchentes, etc.   Leia na íntegra em: bit.ly/2UjjYa8.
Fonte: Jornal da USP - 28/2/19

Metabuscador Fapesp para dados científicos

A USP faz parte de um Grupo de Trabalho da FAPESP que visa a estabelecer diretrizes para a gestão de dados científicos de projetos financiados por aquela agência. 
Confira o protótipo: metabuscador.sc.usp.br


Fonte: Biblioteca do CENA-USP

28 fevereiro 2019

Má conduta em resumos sobre má conduta

Os organizadores da 6ª Conferência Mundial sobre Integridade Científica, programada para acontecer em junho em Hong Kong, foram surpreendidos pelo alerta de um dos 30 revisores encarregados de avaliar trabalhos submetidos pelos participantes do evento: um dos resumos continha indícios de plágio. Decidiu-se submeter todos os resumos à análise do software Turnitin, que detecta similaridades, e observou-se que o problema era bem maior. Foram encontrados 12 casos suspeitos de plágio e 18 de autoplágio, que é a reprodução em um trabalho científico de pedaços copiados de textos anteriores do mesmo autor. A proporção de trechos repetidos variou entre 37% e 94% nos resumos.
Nos casos de autoplágio, a organização optou por rejeitar todos os textos para apresentações orais, mas torná-los elegíveis para exposição em formato de pôster. Ocorre que isso não configurava uma irregularidade. Na chamada pública para submissão de trabalhos, não constava restrição a manuscritos cujos resultados já tivessem sido divulgados, integral ou parcialmente. Além disso, o formato de resumo não permitia a citação de artigos. “Em futuras conferências, vamos perguntar explicitamente se o conteúdo é inédito e dar espaço para referências”, escreveram os coorganizadores do evento, Lex Bouter, Daniel Barr e May Har Shan, em texto divulgado no site Retraction Watch.
Entre os 12 casos suspeitos de plágio, cinco haviam sido rejeitados pelos revisores por terem baixa qualidade ou fugirem do escopo da conferência. Curiosamente, o plágio era o tema abordado em dois deles. Os autores de todos os trabalhos foram interpelados. Seis se esquivaram de responder enquanto um solicitou a retirada do resumo sem justificativa. Entre os que enviaram explicações, dois eram marido e mulher e informaram que tinham autorização um do outro para reutilizar resultados apresentados na conferência anterior, realizada em Amsterdã em 2017. Em um dos casos, tentou-se colocar a culpa na equipe técnica da própria conferência. Outros dois comprovaram que os trechos copiados vinham de trabalhos anteriores deles mesmos. Eles foram reclassificados como autoplágio, enquanto todos os demais foram rejeitados. O balanço final contabilizou 2% de casos de plágio e 5% de autoplágio entre os resumos submetidos. “Está claro que o plágio não é permitido, mas a importância de evitar o autoplágio é menos óbvia”, observaram os três coorganizadores. Uma apresentação de conferência, eles explicam, frequentemente se refere a um trabalho preliminar, cujos resultados continuam a ser analisados e aperfeiçoados até gerar um artigo científico.“Não sabemos com qual frequência resumos idênticos são enviados por seus autores para diferentes conferências. Mas acreditamos que, se isso acontecer, precisa ser informado aos revisores e participantes do evento.”   Fonte: Pesquisa FAPESP - fev. 2019