26 julho 2016

O futuro do acesso aberto

A decisão da União Europeia de disponibilizar de forma livre e gratuita a partir de 2020 todos papers produzidos em seus estados-membros promete dar novo fôlego ao Acesso Aberto, movimento lançado no início dos anos 2000 com o objetivo de franquear o acesso à produção científica, que avança lentamente. Estima-se que apenas um em cada quatro novos artigos seja publicado atualmente nesse regime – os demais, no momento em que são divulgados, só podem ser vistos por assinantes ou por usuários que aceitem pagar pelo download. As apostas em torno do modelo de acesso aberto que irá ganhar mais impulso estão divididas.
A experiência do Reino Unido, que começou a adotar em 2014 uma estratégia desse tipo envolvendo a pesquisa produzida em 107 instituições ligadas aos seus Conselhos de Pesquisa (RCUK, em inglês), deu força à chamada via dourada (golden road), na qual as próprias revistas científicas garantem o acesso livre ao conteúdo que publicam – cobrando mais caro do autor e isentando o usuário de pagar pelo download. É certo que os custos de publicação aumentaram. Segundo estudo divulgado em fevereiro por Adam Tickell, vice-reitor da Universidade de Birmingham, as universidades do Reino Unido gastaram £ 33 milhões, o equivalente a R$ 150 milhões, em custos associados apenas à publicação em acesso aberto em 2015 – quase 20% do gasto geral com publicações. “Embora haja consenso sobre os benefícios do acesso aberto no Reino Unido, os desafios financeiros persistem”, escreve Tickell. “As universidades estão preocupadas com a preferência pela via dourada pela pressão que isso está provocando em seus orçamentos de pesquisa.”  
Em países como a Espanha, que começou a criar repositórios no início dos anos 2000 e onde 11 das principais universidades exigem desde 2009 que a produção científica de seus pesquisadores seja divulgada em acesso aberto, a chamada via verde (green road) tem mais tradição. Trata-se de um modelo no qual cada pesquisador arquiva no banco de dados de sua instituição uma cópia de seus trabalhos científicos publicados em periódicos, que ficam disponíveis ao público. Quem quiser ler o artigo sem pagar pode recorrer a esses repositórios.  Leia mais: http://migre.me/urVai

13 julho 2016

A busca por literatura científica: como os leitores descobrem conteúdos

A Internet definitivamente mudou a forma pela qual a literatura acadêmica é publicada e disponibilizada. Se houve um aumento substancial das fontes de informação, este foi acompanhado pelo surgimento de inúmeras possibilidades de busca e localização da literatura. Motores de busca, bases de dados, indexadores, agregadores, sites Web do periódico e/ou do publisher, redes sociais, ferramentas para comentar e compartilhar publicações e muitos outros foram criados e aperfeiçoados ao longo do tempo, oferecendo aos leitores várias formas de chegar aos mesmos conteúdos. Pouco se sabe, entretanto, sobre os hábitos de busca de leitores da literatura científica – como acadêmicos, pesquisadores, estudantes, professores e profissionais buscam e selecionam conteúdos de seu interesse em meio à sobrecarga de informação disponível.
Um estudo pormenorizado de autoria de Tracy Gardner e Simon Inger, especialistas em publicação e gestão de periódicos científicos, publicado em março de 20161, teve por objetivo preencher esta lacuna. Através de uma pesquisa online realizada com mais de 40 mil leitores entre outubro e dezembro de 2015 em todo o mundo, foi possível aos autores traçar um vasto panorama dos hábitos de leitura dos entrevistados. A pesquisa acrescenta conhecimento a estudos anteriores nos mesmos moldes desenvolvidos pelos autores em 2005, 2008 e 2012, e permite comparar a evolução do comportamento dos leitores nos últimos dez anos. Ademais, a pesquisa incluiu dados sobre a área do conhecimento, país, nível acadêmico e setor dos entrevistados, o que possibilitou traçar um perfil de comportamento de acordo com estas variáveis.  Leia mais: http://migre.me/ulp1W

Livros eletrônicos – mercado global e tendências

Nos últimos anos vem surgindo uma indústria mundial de livros eletrônicos (ebooks), com grande força no mercado no idioma inglês e notável força nos Estados Unidos. O recente informe Global eBook: a report on market trends and developments, 20161 fornece uma visão a nível global do desenvolvimento do mercado de ebooks que, após uma década de crescimento ininterrupto, diminuiu nos últimos três anos, ao menos por parte dos editores tradicionais, tanto nas vendas de livros físicos como eletrônicos, a favor de empresas globais como a Amazon ou a publicação não tradicional pelos próprios autores. (Nota: todas as cifras mencionadas neste post, a menos que se indique uma referência, provém do Global eBook).Devido à extensão do informe, este post será publicado em partes.
A publicação de ebooks é consequência natural da mudança de hábitos de bilhões de pessoas no planeta que têm conexão de Internet através de telefones móveis e tablets a qualquer momento em qualquer parte do mundo. De acordo com o informe que comentamos, a penetração global das mídias sociais supera em 31% o da população mundial. Embora a produção de livros (escrever, editar, publicar) parece ser um processo tradicional que resiste às mudanças, de uma maneira ou outra ele se transforma, seguindo as decisões espontâneas e massivas do público. A edição de livros é a segunda indústria mais importante entre as indústrias de conteúdo2 (a primeira é a televisão) gerando, a nível global, mais de 150 bilhões de dólares de faturamento por ano. Na transformação digital, os diferentes segmentos da indústria de conteúdos evoluem de maneira muito diferente.
Os mercados livreiros ao redor do mundo são modelados por diferentes fatores, desde o tamanho da população até o nível de desenvolvimento econômico. O principal mercado de consumo deebooks hoje em dia são os Estados Unidos; o segundo, a China; e se seguem Alemanha, Japão, Reino Unido, e uma serie de países europeus. Na América Latina se encontram Brasil, México e Argentina nas posições 10, 18 e 26, respectivamente. Leia mais: http://migre.me/ulnVW

05 julho 2016

Brasil tem grande potencial para produzir conteúdo científico de bioquímica e biologia molecular

A bioquímica e a biologia molecular formam um grupo de atuação que inspira grandemente pesquisadores em âmbito global. Segundo a classificação por categorias do Journal Citation Reports (JCR), da Thomson Reuters, essa é a terceira área com maior número de periódicos publicados, ficando atrás de Economia e Matemática. O JCR registrou*, somente em 2015, 289 revistas científicas de bioquímica e biologia molecular e mais de 51 mil artigos publicados – em média quatro mil e trezentos a mais do que o registrado 10 anos antes, em 2005.

O Portal de Periódicos da Capes reconhece a importância do campo de atuação e oferece subsídios para que os especialistas encontrem as melhores publicações para análise. Entre os recursos oferecidos, está a base de dados da American Society for Biochemistry and Molecular Biology (ASBMB), que inclui dois periódicos: Journal of Biological Chemistry (JBC) e Molecular & Cellular Proteomics (MCP).

O Brasil tem enorme potencial para explorar tal mercado, uma vez que apresenta mais de 360 instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, com licenciaturas voltadas a biologia e bioquímicas. São mais de 600 cursos relacionados, entre biologia molecular, biomedicina, bioquímica industrial, ciências biológicas e outros. Os dados são do Censo da Educação Superior 2014, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
A bioquímica e a biologia molecular formam um grupo de atuação que inspira grandemente pesquisadores em âmbito global. Segundo a classificação por categorias do Journal Citation Reports (JCR), da Thomson Reuters, essa é a terceira área com maior número de periódicos publicados, ficando atrás de Economia e Matemática. O JCR registrou*, somente em 2015, 289 revistas científicas de bioquímica e biologia molecular e mais de 51 mil artigos publicados – em média quatro mil e trezentos a mais do que o registrado 10 anos antes, em 2005.

O Portal de Periódicos da Capes reconhece a importância do campo de atuação e oferece subsídios para que os especialistas encontrem as melhores publicações para análise. Entre os recursos oferecidos, está a base de dados da American Society for Biochemistry and Molecular Biology (ASBMB), que inclui dois periódicos: Journal of Biological Chemistry (JBC) e Molecular & Cellular Proteomics (MCP).

O Brasil tem enorme potencial para explorar tal mercado, uma vez que apresenta mais de 360 instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, com licenciaturas voltadas a biologia e bioquímicas. São mais de 600 cursos relacionados, entre biologia molecular, biomedicina, bioquímica industrial, ciências biológicas e outros. Os dados são do Censo da Educação Superior 2014, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Para acessar os títulos da ASBMB pelo Portal, o usuário deve optar pela caixa de pesquisa “Buscar periódico”. Basta inserir o nome ou a sigla da revista científica para acessar em texto completo artigos com o que há de mais importante no setor.

Journal of Biological Chemistry (JBC)
Com disponibilidade de acesso desde 1905, o título publica artigos com base em pesquisas originais, selecionados para contribuir com análises voltadas a compreender a base molecular e celular de processos biológicos. Por mais de 100 anos, o JBC tem sido um recurso relevante para a comunidade internacional de pesquisadores biomédicos. Todos os trabalhos de pesquisa e comentários publicados passam antes por revisão de líderes na área.

Molecular & Cellular Proteomics (MCP)
O MCP aceitou o desafio de ser um meio de pesquisa que se compromete a ter abordagens novas e inovadoras direcionadas à biociência moderna. Em resumo, o periódico publica três tipos de artigos originais: trabalhos de pesquisa, artigos de banco de dados e artigos de desenvolvimento tecnológico. Entretanto, a publicação também inclui, quando julga relevante, mini-resenhas e outros tipos de artigos. A disponibilidade do conteúdo varia de 2002 até o presente.
*A consulta ao JCR foi realizada no dia 14/06/2016, sendo selecionada a aba de pesquisa Categories by Rank e tendo como demarcador decrescente a coluna Journals. Dentro da categoria Biochemistry & Molecular Biology, foi avaliada a coluna Articles dos anos 2015 e 2005. Para acessar os títulos da ASBMB pelo Portal, o usuário deve optar pela caixa de pesquisa “Buscar periódico”. Basta inserir o nome ou a sigla da revista científica para acessar em texto completo artigos com o que há de mais importante no setor.