19 dezembro 2016

O duelo dos mega-journals

Os mega-journals, revistas científicas que publicam um grande número de artigos em acesso aberto na internet, vivem um momento de ebulição. Em setembro, a liderança nesse nicho de periódicos mudou de mãos pela primeira vez, quando a Scientific Reports, lançada pelo grupo Springer Nature em 2011, publicou, no intervalo de 30 dias, um total de 1.940 papers. A revista superou a PLOS One, respeitada publicação lançada em 2006 pela organização sem fins lucrativos Public Library of Science (PLOS), que publicou 1.746 artigos em setembro. Em agosto, a PLOS One conseguira manter a dianteira por estreitos 40 artigos.
Ambas as publicações disseminam papers de um largo espectro de disciplinas, que incluem as ciências, as engenharias e a matemática, embora a PLOS One reúna um conjunto maior de artigos no campo das ciências da vida e a nova líder, no das ciências naturais. A ascensão da Scientific Reports é explicada por um conjunto de fatores. Uma das vantagens competitivas é o fator de impacto, indicador da repercussão da produção científica publicada. Atualmente, o índice é de 5,2. Significa que os artigos publicados na revista em 2013 e 2014 receberam, em média, 5,2 citações em outros papers em 2015. O índice parece baixo quando comparado a outros periódicos do grupo – o fator de impacto da Nature é de 38,1. Mas, na verdade, é um índice vigoroso para um tipo de revista que só existe na internet, publica uma grande massa de artigos e não exige que os autores apresentem novidades em seus manuscritos – basta que os dados sejam sólidos.
Já a PLOS One tem visto seu fator de impacto cair ao longo do tempo – hoje, o índice é de 3, ante 4,4 em 2010. Para a bióloga Véronique Kiermer, editora executiva das revistas PLOS, a importância do fator de impacto deve ser relativizada em uma categoria de revistas que publica artigos de áreas variadas, cada qual com uma tradição de citação, e é menos restritiva do que periódicos tradicionais, admitindo até mesmo papers sobre pesquisas que chegaram a resultados negativos ou inconclusivos. “Esse tipo de artigo recebe naturalmente poucas citações”, escreveu Kiermer no blog da PLOS em julho. Ela, contudo, defende a divulgação desse tipo de paper como forma de evitar a publicação de resultados parciais ou enviesados de pesquisas. O auge da PLOS One foi registrado no ano de 2013, quando publicou 31.509 artigos. Em 2015, o total anual foi 28.105.
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