Histórias em quadrinhos ganham destaque na divulgação de pesquisas
Por integrar imagem e texto de forma sintética e envolvente, a linguagem das HQs tem sido utilizada com frequência para traduzir resultados de pesquisas complexas para o público leigo e os jovens em particular. O Conselho Europeu de Pesquisa (ERC) – que apoia grupos de pesquisa de excelência e investe 17% dos € 77 bilhões do orçamento do Horizonte 2020, principal programa científico da União Europeia – também tem uma linha específica para apoiar a produção de HQs científicas. Trata-se do programa ERCcOMICS, que financia quadrinhos on-line (webcomics) inspirados em projetos realizados no âmbito do ERC.
Revistas científicas consagradas também recorrem aos quadrinhos. Em 2015, a Science publicou em HQ um guia em comemoração ao centenário da teoria da relatividade geral de Albert Einstein (1879-1955). No mesmo ano, a Nature lançou Fragile Framework, quadrinho que relata os esforços, nas últimas décadas, para chegar a um tratado internacional do clima. “A ciência necessita de recursos visuais para ser mais bem compreendida pelo público”, afirma o matemático e cartunista Nick Sousanis, autor de Fragile Framework e pesquisador da Universidade Estadual de San Francisco, nos Estados Unidos. Em 2014, Sousanis apresentou uma tese de doutorado no formato de quadrinhos na Universidade Columbia, em Nova York. Posteriormente, o trabalho, intitulado Unflattening, foi publicado como uma novela gráfica – no Brasil, recebeu o nome Desaplanar. A obra analisa a separação entre a expressão verbal e a visual e questiona a primazia da palavra escrita na construção do pensamento. “A junção de texto com imagens deve ser encarada como uma maneira legítima e valiosa de aprender”, argumenta Sousanis. Leia mais