05 dezembro 2019

Não há justificativa lógica para fusão de Capes e CNPq

Relatos recentes na imprensa e informações de bastidores indicam que o governo federal não desistiu da ideia de fundir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), apesar de a comunidade acadêmica, científica, e o próprio Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) serem frontalmente contrários à iniciativa. 
“Não há justificativa lógica para juntar duas agências que têm papéis distintos e independentes de atuação”, argumenta o professor Marcio de Castro Silva Filho, pró-reitor adjunto de Pós-Graduação da USP e presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop).
“A comunidade científica é amplamente contrária a essa fusão porque entende que o desenho atual do sistema deve ser mantido e aperfeiçoado, e não desconstruído.”
Em entrevista ao Jornal da USP, Silva Filho alerta para a necessidade urgente de resgatar a função primordial do CNPq, que sempre foi a de financiar a pesquisa científica no Brasil. A agência teve seu orçamento de fomento reduzido drasticamente nos últimos anos, criando uma falsa impressão de que ela é apenas uma pagadora de bolsas de pós-graduação (que é uma atribuição primordial da Capes). A proposta do governo para 2020 praticamente acaba com o orçamento de pesquisa do CNPq, preservando apenas os recursos para bolsas, e reforçando ainda mais essa anomalia — conforme revelado nesta reportagem “Não é enfraquecendo uma agência que vai se justificar a fusão com outra”, ressalta Silva Filho.
Especialista em genética molecular de plantas, Silva Filho é professor do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, presidente da Sociedade Brasileira de Genética (SBG), pesquisador 1A do CNPq e membro do Conselho Superior da Capes, onde já atuou também como diretor de Relações Internacionais e diretor de Programas e Bolsas no País.  Leia mais Fonte: Jornal da USP - 04/12/19