Uma das vantagens da tecnologia é que ela pode possibilitar à humanidade desenvolver novas estratégias para lidar com velhos problemas. É o que acontece no caso da atual pandemia. Não é de hoje que os seres invisíveis, a quem chamamos vírus, vêm aterrorizando os humanos; mas nossos antepassados não tiveram a chance de ter nas mãos uma poderosa arma na guerra contra os inimigos: os telefones celulares.
“Como diz o próprio nome, os telefones celulares formam uma rede de células, em que cada telefone se conecta a uma antena mais próxima, formando uma malha de inúmeras células de telefonia distribuídas pelas cidades. É por isso que os deslocamentos podem ser facilmente detectados, identificando em qual célula estamos conectados e qual a intensidade do sinal, considerando a proximidade das antenas”, explica o professor Fernando Osório, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
Para obter dados mais exatos sobre a proximidade de uma pessoa contaminada com alguém não contaminado, por exemplo, é necessário utilizar outras tecnologias, como o sistema Bluetooth, que possibilita a conexão sem fio do celular com outros dispositivos eletrônicos. Por estabelecer uma conexão por meio de ondas curtas e de baixo alcance, o Bluetooth só funciona se as pessoas estiverem perto umas das outras. Isso implica maior precisão na localização dos usuários do que as antenas das operadoras de telefonia móvel.
Um aplicativo criado pelo governo de Singapura, chamado TraceTogether, já utiliza esse sistema. “Quando a pessoa instala o aplicativo, pode informar se está contaminada. Assim, se ela passar perto de outra pessoa que tem o aplicativo, o sistema Bluetooth possibilitará que o outro seja informado, por meio de um alerta. É óbvio que lá eles já têm uma regulamentação, os dados coletados são enviados para um serviço do governo, que também já é regulamentado e assegura a privacidade dessas informações.” Leia mais. Fonte: Jornal da USP - 24/04/20