19 dezembro 2020

Congresso aprova projeto que pode liberar R$ 9 bilhões para a ciência em 2021

ciência brasileira ajudou a salvar muitas vidas em 2020, e foi recompensada nesta quinta-feira (17/12) com uma vitória essencial para a sua própria sobrevivência. Deputados federais aprovaram por ampla maioria um projeto de lei que proíbe o contingenciamento de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A decisão, se sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, tem potencial para desbloquear R$ 9 bilhões em investimentos em ciência e tecnologia no País — incluindo R$ 4,2 bilhões que foram represados no fundo neste ano, mais R$ 4,8 bilhões previstos como reserva de contingência no orçamento de 2020.
A liberação chega em boa hora para reverter o colapso orçamentário e afastar o risco de um apagão científico no Brasil, em função dos numerosos cortes aplicados ao setor nos últimos anos. O orçamento disponível para investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) este ano é de apenas R$ 3,7 bilhões, e a proposta do governo para 2021 é reduzir ainda mais esse valor, para R$ 2,7 bilhões.
Criado em 1969, o FNDCT é um fundo de natureza contábil que recebe contribuições de diversas fontes para apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico do País — equivalente ao Fundeb, na área da Educação. Deveria ser a principal fonte de recursos para a ciência no Brasil, mas a maior parte do dinheiro arrecadado nos últimos anos — cerca de R$ 25 bilhões entre 2006 e 2020, segundo dados da Finep, a empresa pública que gerencia e operacionaliza os recursos do fundo  — foi retida pelo governo federal e redirecionada para outras finalidades, como o pagamento de juros da dívida pública.
O projeto de lei aprovado nesta quinta (PLP 135/2020), de autoria do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), põe fim a essa artimanha fiscal. Ele veda qualquer tipo de contingenciamento ou imposição de limites à execução do fundo e transforma o FNDCT em um fundo de natureza financeira (em vez de contábil), o que significa que os recursos que não forem utilizados em um determinado ano permanecem disponíveis para empenho no ano seguinte (em vez de serem recolhidos ao Tesouro, como acontece atualmente). Trata-se de uma demanda antiga da comunidade científica, mas que nunca havia prosperado no Congresso, até agora. 
Veja mais.    Fonte: Jornal da USP - 18/12/20