João Flávio de Almeida diz que o grande conteúdo
de informações rasas e infantilizadas pode produzir uma situação de estafa
mental, levando a uma não captação dos conteúdos realmente interessantes e
relevantes
O consumo excessivo de informações e,
ainda, de baixa qualidade, disponíveis na internet, nas redes sociais e na
televisão – com ampla gama de programas para todos os tipos de públicos – pode
ter efeitos mentais, e até físicos, negativos. Foi o que aconteceu com a
estudante de engenharia agronômica Stefania Fernandes, de 22 anos. A estudante
diz ter sido tomada pelo “cansaço mental e emocional, procrastinação e, como
consequência direta, perda de qualidade de vida”. Mas o entendimento da
situação veio da própria internet, quando Stefania se deparou com o termo
“obesidade mental”.
Após ter se identificado como obesa
intelectual, Stefania repensou seu consumo de informações e decidiu dar o
primeiro passo, usando as redes sociais normais, mas selecionando os conteúdos.
Mas, mesmo se afastando de informações de pouca qualidade, a jovem conta que
ainda se sentia dominada pelo consumo de informações. Foi então que deixou de
acessar as redes sociais por um período de tempo.
No momento, Stefania diz estar
retomando o uso das mídias, porém, de maneira mais seletiva e equilibrada no
acompanhamento dos conteúdos “que acrescentam e controlando o tempo que eu fico
on-line”. Com relação aos vídeos e podcasts, é rigorosa: “Só algo que eu
realmente vá ouvir, refletir e aplicar”.
O
que é a “obesidade mental”?
Segundo o filósofo e pós-doutor em
discurso imagético pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto (FFCLRP) da USP, João Flávio de Almeida, “obesidade mental” não é o
diagnóstico oficial de uma doença, mas um termo para explicar a produção e
consumo de informações do mundo digital contemporâneo. E, informa, esse consumo
exagerado acontece com informações repetidas e, geralmente, de entretenimento. Saiba mais. Fonte: Jornal da USP - 08/03/21