31 agosto 2021

A pressão pelo acesso aberto está tornando a ciência menos inclusiva

É difícil argumentar contra a visão de que a pesquisa desenvolvida predominantemente com financiamento público deve ser acessível a todos.
Claro, sempre foi possível solicitar uma cópia de um artigo aos autores. Mas se por um lado isso facilitava o contato entre leitores e autores, por outro inconveniente. Nem os preprints são substitutos adequados. Sua qualidade é altamente variável e sua quantidade absoluta é tal que mesmo um trabalho sólido normalmente atrai a atenção somente após ser revisado por pares e publicado em um periódico reconhecido.
Mas a remoção de paywalls tem um custo para cientistas e instituições — e, em países em desenvolvimento, esse custo ameaça ser proibitivo. À medida que os mandatos de acesso aberto proliferam, fica cada vez mais claro que nós, cientistas do mundo em desenvolvimento, provavelmente seremos cada vez mais excluídos da publicação em um grande subconjunto de periódicos.
As taxas de processamento de artigos (APCs — Article Processing Charges) têm subido bem acima da inflação e dos custos estimados de serviços do acesso aberto — variando entre US$ 200 (£146) e US$ 1.000 por artigo. Existem provedores de acesso aberto que operam nessa faixa de preço, como o SciELO (Scientific Electronic Library Online), biblioteca digital latino-americana com mais de 1.000 periódicos. No entanto, as revistas científicas nas quais pretendemos publicar cobram pelo menos US$ 2.500, enquanto APCs de US$ 4.000 são considerados dentro da “faixa normal”. A Springer Nature anunciou recentemente que cobrará US$ 11.390 por mais de 30 de seus prestigiosos periódicos Nature.   Leia o texto na íntegra
Fonte: Jornal da Ciência - 31/08/21