Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
levantaram o perfil de artigos científicos de autores brasileiros que sofreram
retratação entre 2002 e 2019. Com base em dados da plataforma Retraction Watch,
que compila casos de papers considerados inválidos pelos periódicos
que os publicaram, o grupo identificou 162 artigos retratados no período, dos
quais quase 60% envolveram má conduta – os casos mais comuns foram de imagens
duplicadas ou adulteradas (14,2% do total); plágio ou autoplágio (12,2%); ou
resultados falsificados ou manipulados (5,4%). Outros 19% foram cancelados por
erros ou deslizes cometidos de boa-fé e 14,8% por equívocos dos próprios
periódicos. Não foi possível definir a causa da retratação em 6,1% dos casos. O
estudo foi publicado em novembro na revista Transinformação.
A maioria das retratações envolveu trabalhos de
biociências (27 artigos retratados por má conduta e 9 por erros), medicina
clínica e experimental (15 artigos por má conduta e 8 por erros) e química (21
artigos por má conduta e 1 por erro). A cientista da informação Karen
Santos-d’Amorim, do Departamento de Ciências da Informação da UFPE, autora
principal do levantamento, explica que essas áreas publicam um grande volume de
trabalhos. “Não surpreende que também tenham mais artigos retratados”, afirma.
As universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (USP) foram as
instituições com mais papers retratados: 35 e 19, respectivamente. Em
seguida aparecem a Estadual Paulista (Unesp) e a Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), com 6 artigos cada uma, e as federais de Mato Grosso (UFMT), do
Espírito Santo (Ufes), de Minas Gerais (UFMG), de Viçosa (UFV) e a Estadual de
Maringá (UEM), com 3 artigos cada uma. Fonte: Pesquisa FAPESP - abril 2022