21 junho 2022

O jornalismo científico como esteio para o desenvolvimento


O jornalismo científico pode ajudar a população a compreender melhor aspectos e funcionamento da ciência, o que já cria um ânimo favorável ao investimento nela – ninguém defende aquilo que não conhece ou não entende. Governos, especialmente os mais populistas que têm tido êxito em se eleger ao redor do mundo, definem suas prioridades pensando menos em longo prazo e mais em demandas imediatas do eleitorado. Mais do que nunca é preciso criar numa parte maior da população cultura de que ciência e tecnologia importam para avançar em metas econômicas e de desenvolvimento humano. 
Mostrar o que a ciência nacional faz e pode fazer em reportagens não esgota, e nem é o único fim do jornalismo científico, mas entra na soma desta cultura favorável à ciência. Especialmente quando mostra a ciência aplicada e em conexão direta com a melhoria da vida das pessoas.
Estamos extremamente defasados. A maior parte da cobertura dos temas de ciência é feita por repórteres generalistas, sem intimidade com os meandros da ciência, e sem espaço, tempo, e orientação para explorar melhor as pautas. Feita a ressalva a este quadro mais amplo, que é um pouco desanimador, ainda há iniciativas interessantes, assim como profissionais fazendo um ótimo trabalho.   Saiba mais.   Fonte: Jornal da USP - 20/06/22


Jornalismo científico: o espaço nas mídias digitais

As mídias digitais têm ocupado, cada vez mais, espaço na divulgação de informações de CT&I, especialmente se atentarmos para a circulação de informações nessas áreas pelas mídias sociais. Elas certamente também têm contribuído para o incremento do negacionismo, das fake news protagonizadas por aqueles que as produzem voluntariamente ou as compartilham sem qualquer espírito crítico ou compromisso com a apuração das informações. É preciso chamar a atenção também para a ação de lobbies, de interesses escusos, que constrangem a produção e a divulgação científicas em favor de interesses políticos, ideológicos e empresariais. Este fato tem propiciado a emergência de versões que não se apoiam nas evidências, como as que deram espaço à “eficácia da cloroquina e da ivermectina para o tratamento da covid-19”, à visão criacionista em oposição à teoria da evolução e mesmo ao terraplanismo, dentre outras perspectivas sem qualquer fundamento. Agrega-se a este movimento a interferência de fontes e perspectivas religiosas que optam por fazer leituras equivocadas do processo científico e das suas descobertas.   Saiba mais.   
Fonte: Jornal da USP - 21/06/22

O que é preciso para ser um bom jornalista científico

A cobertura de todos os assuntos na imprensa exige preparo dos profissionais. No caso do jornalismo científico, é preciso estar atento às suas especificidades e complexidades, dizem os jornalistas que trabalham na área. Citam alto grau de especialização e qualificação, curiosidade científica, conhecimento de política científica, do processo de produção da CT&I e o entendimento de que a ciência também é falível e tem limites, além de algum tipo de treinamento profissional. Vejo três condições absolutamente indispensáveis para isso: jornalistas bastante preparados; uma comunidade científica aberta, capaz de entender a importância e o papel próprio do jornalismo na difusão social da ciência; e recursos − financeiros e de infraestrutura, o que inclui meios e veículos de comunicação potentes.  Saiba mais.   
Fonte: Jornal da USP - 22/06/22

A tendência e uma crítica à cobertura de ciência na grande imprensa

Na pandemia, foi possível perceber que a cobertura de ciência atingiu um nível maior de maturidade por parte de quem produz o conteúdo e das fontes. Também avançou o nível de entendimento sobre a discussão, por parte do público, das fontes acadêmicas e até dos colegas jornalistas. Isso fez com que essa pauta ganhasse espaço no noticiário, justamente pela sua conexão com a realidade e sua capacidade de mudar nossas vidas. O desafio durante a crise da covid-19 foi mostrar aos leitores a relevância e a complexidade dos processos científicos. Traduzir avanços, insucessos e limitações das pesquisas sobre protocolos de prevenção, remédios e vacinas revelou-se uma missão que exigiu rigor de apuração, escolha correta da linguagem, compreensão sobre as demandas do público e interlocução qualificada com as fontes.  
Saiba mais.   Fonte: Jornal da USP - 23/06/22

O sombreamento entre jornalismo e divulgação científicos

Divulgação e jornalismo científico são muitas vezes citados como atividades sinônimas; e de fato há um sombreamento grande entre elas, mas é importante destacar que são atividades distintas, com funções distintas. Uma diferença essencial é que o jornalismo trabalha apenas com informações inéditas. Ele tem a função de noticiar algo que acabou de acontecer, mesclando fatos, análises e opiniões de especialistas sobre aquele determinado acontecimento − por exemplo, o anúncio de uma descoberta, o lançamento de algum projeto ou a publicação de uma nova lei de política científica. Uma vez publicada a notícia, ela deixa de ser notícia. O jornalismo tem a função de informar a sociedade, não de educá-la, nem mesmo de fomentar o fascínio pela ciência − além da educação que é necessária para o próprio entendimento da notícia e do fascínio intrínseco gerado pela própria ciência que está sendo noticiada.   
Saiba mais.   Fonte: Jornal da USP - 24/06/22

A importância de José Reis na cobertura de Ciência no Brasil

O médico José Reis (1907-2002), cuja atuação na divulgação científica foi proeminente no jornal Folha de S. Paulo até o fim da vida, tinha um olhar sensível para a pesquisa científica. Ele via a ciência como algo bonito, “profundamente estética”, e que, por essas e outras, deveria ser exibida à sociedade. Reis era de uma geração de intelectuais da primeira metade do século 20 que ainda cultivavam traços de uma polimatia, dando vazão a seus múltiplos interesses. É daquelas pessoas difíceis de enquadrar numa só profissão. Ele conseguia aliar ciência, literatura, arte, política e isso moldou uma carreira multifacetada, permitindo a Reis atuar ativamente não só na divulgação da ciência, mas na política científica.   Saiba mais.
Fonte: Jornal da USP - 27/06/22