Algumas inovações podem
trazer mais problemas do que resolvem. Comento duas propostas de consequências,
com grande probabilidade, nocivas. A primeira é a imposição do uso do idioma inglês em reuniões e
seminários, mesmo quando toda a plateia é de brasileiros. Seria mais um passo à
internacionalização da nossa universidade, havendo desde já quem proponha
ministrar em inglês também cursos. Quem sabe, daqui a pouco, até disciplinas de
graduação. Se é verdade que, como dizem, “bad English is the
international language of Science”, e o seu domínio é imperativo,
também é verdade que “ispiquingui inglish, quando a gente
nem o português sabemos direito”, e representa uma inversão de prioridades na
formação de nossos alunos, pois se constata que cada vez mais os orientadores
de pós-graduação têm que tomar a si a escrita de teses e artigos, diante da
dificuldade crescente de alunos para redigir um texto científico. Saliento que
me refiro à área de ciências empíricas, donde é minha experiência. A falta de
vocabulário e da capacidade de elaborar textos logicamente estruturados
prejudica trabalhos, sob o aspecto do conteúdo científico, às vezes, muito bons. Saiba mais.
Fonte: Jornal da USP - 23/01/23