23 janeiro 2023

As inovações nem sempre são boas


Algumas inovações podem trazer mais problemas do que resolvem. Comento duas propostas de consequências, com grande probabilidade, nocivas. A primeira é a imposição do uso do idioma inglês em reuniões e seminários, mesmo quando toda a plateia é de brasileiros. Seria mais um passo à internacionalização da nossa universidade, havendo desde já quem proponha ministrar em inglês também cursos. Quem sabe, daqui a pouco, até disciplinas de graduação. Se é verdade que, como dizem, “bad English is the international language of Science”, e o seu domínio é imperativo, também é verdade que “ispiquingui inglish, quando a gente nem o português sabemos direito”, e representa uma inversão de prioridades na formação de nossos alunos, pois se constata que cada vez mais os orientadores de pós-graduação têm que tomar a si a escrita de teses e artigos, diante da dificuldade crescente de alunos para redigir um texto científico. Saliento que me refiro à área de ciências empíricas, donde é minha experiência. A falta de vocabulário e da capacidade de elaborar textos logicamente estruturados prejudica trabalhos, sob o aspecto do conteúdo científico, às vezes, muito bons.   Saiba mais.   
Fonte: Jornal da USP - 23/01/23