O Brasil é um dos países que correm mais risco com a
transição para o acesso aberto de artigos científicos. A eliminação dos custos
de pagar-para-ler aumenta consideravelmente os de pagar-para-publicar, gerando
taxas de publicação impraticáveis para países em desenvolvimento. É curioso que
o impulso para a Ciência Aberta gere efeitos colaterais tão graves para o país,
considerando que uma das iniciativas de acesso aberto de maior sucesso no mundo
começou aqui. Criada em 1997, a Biblioteca Eletrônica Científica
Online (SciELO) é um repositório gratuito que dispõe de grande parte
do mercado editorial do Brasil e de 16 outros países – a maioria do Sul Global
– e é financiada com recursos de agências públicas de fomento. Graças à SciELO,
em 2002 o Brasil era o primeiro colocado mundial em publicações em acesso
aberto, com 35% dos artigos totais. Desde então, esse percentual cresceu para
58%, mas o país caiu para 22º lugar. Essa ultrapassagem ocorreu quando o
movimento pelo acesso aberto ganhou tração, sobretudo na Europa com o Plano S,
que requer a todo cientista financiado por dinheiro público que publique nesse
modelo.