A boa escrita é concisa. Assim, uma sentença não deve conter palavras desnecessárias, e um parágrafo não deve ter sentenças supérfluas
A sabedoria popular diz que, tanto na escrita em geral como na científica, sentenças mais curtas são sempre melhores. Além disso, assume-se que os não-nativos da língua inglesa devam prestar mais atenção no comprimento da sentença devido a uma tendência à prolixidade. Assim, muitos não-nativos da língua inglesa, ao escreverem artigos, se preocupam em encurtar as sentenças durante o processo de revisão.Por outro lado, artigos científicos são conhecidos por suas frases longas.Um conjunto de diretrizes para autores afirma que uma frase de tamanho médio contém de 12 a 17 palavras, enquanto outra fonte relata uma média de 25 a 30 palavras na literatura revisada por pares, com algumas frases contendo mais de 60 palavras na amostra estudada. Para fins de comparação, o comprimento médio das frases da autora de “Harry Potter,” JK Rowling, que representa o escritor inglês moderno com audiência geral, é de 12 palavras, e a primeira metade desta frase contém 27 palavras. Para garantir legibilidade, várias fontes aconselham pesquisadores a escrever artigos com frases de aproximadamente20 palavras.
Curiosamente, as frases de artigos submetidos, ou aceitos para publicação, escritas por não-nativos da língua inglesa são geralmente mais curtas do que as escritas por nativos da língua inglesa. Um estudo conduzido em artigos publicados no British Journal of Surgery constatou que as sentenças e as palavras (medidas em sílabas) usadas por não-nativos da língua inglesa eram estatisticamente bem mais curtas do que aquelas usadas por nativos. Isso pode ser atribuído à tendência de nativos da língua inglesa em usar sentenças mais longas e complexas. Além disso, como os nativos da língua inglesa sentem menos pressão com relação à qualidade da escrita, eles acabam sendo menos diligentes em evitar prolixidade.
Ao invés de tentar adaptar cada sentença para conter um certo número de palavras, concentre-se na quantidade de informações transmitidas em cada sentença. Uma sentença é muito longa se, ao chegar ao final dela, o leitor não se lembrar de como a sentença começou. Frequentemente, aconselha-se que escritores devam se certificar de que cada sentença transmita apenas uma ideia. Porém, pode ser difícil decidir o que delimita “uma ideia”, especialmente quando se trata de relatar os resultados de uma pesquisa. Uma alternativa é pensar nas paradas entre as frases como sendo lugares na narrativa onde o leitor deve pausar e analisar as informações apresentadas, antes de continuar lendo o resto do texto.
Também é importante notar que o comprimento médio de uma frase nada mais é do que uma média. Mesmo os escritores que optam por manter o comprimento médio da sentença em, por exemplo, 20 a 25 palavras, devem misturar frases longas e curtas para manter o interesse do leitor. Frases longas têm a vantagem de fluir melhor, mas exigem mais concentração por parte do leitor, e por isso funcionam melhor quando o interesse do leitor é aguçado. Por outro lado, sentenças curtas atraem mais a atenção, e são ideais para manter seu leitor engajado na leitura. Porém, um artigo com muitas sentenças curtas, uma em seguida da outra, também não é bom. Misturar esses dois tipos de frases, curtas e longas, prende bem mais a atenção de sua audiência durante a leitura.
Em suma, o ditado “mais curto é melhor” é uma simplificação sobre o comprimento de frases em artigos científicos. Em vez disso, tanto nativos quanto não-nativos da língua inglesa devem ter certeza de que cada sentença tenha o comprimento apropriado para a idéia que ela expressa.