10 agosto 2018

A sombra das revistas predatórias no Brasil

Estudo mostra quantos pesquisadores do país publicam em periódicos com práticas suspeitas

Um estudo feito por pesquisadores da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) analisou a penetração na comunidade científica do país das chamadas revistas predatórias, periódicos internacionais de acesso aberto que adotam critérios frouxos para selecionar papers, bastando que os autores paguem para vê-los publicados. Em um artigo divulgado em julho na revista Scientometrics, o grupo compilou a produção científica entre 2000 e 2015 dos brasileiros com título de doutor cadastrados na plataforma de currículos Lattes – o total foi de 2,3 milhões de publicações de 102.969 pesquisadores. Com base nessas informações, foram rastreados os artigos difundidos em periódicos suspeitos.
Um dado alentador é que tais revistas seduzem uma fração pequena de autores brasileiros – entre 0,26% e 0,49% do total de artigos publicados, dependendo dos critérios adotados. O grupo da UFRGS selecionou três parâmetros para identificar periódicos com práticas controversas. Um deles foi a menção ao título da revista em uma listagem de mais de 1,5 mil publicações suspeitas, produzida entre 2010 e 2017 pelo biblioteconomista norte-americano Jeffrey Beall, da Universidade do Colorado. Apenas 0,49% dos artigos estavam em revistas inseridas nesse índice. Tal critério, contudo, é polêmico – o próprio Beall, um crítico do acesso aberto, aboliu a lista depois de ser ameaçado com processos por editoras que se sentiam injustiçadas.  Leia mais