17 setembro 2019

Quais os caminhos para a digitalização?

“Governos, setor privado e o terceiro setor devem buscar iniciativas no sentido de se acelerar o processo de digitalização”, opinam Francisco Gaetani, da Ebape/FGV e Virgilio Almeida, do Berkman Klein Center da Universidade de Harvard 


Entre o reducionismo tecnológico e o ludismo digital, a resposta é curta e simples. O caminho para o futuro passa por preparar a sociedade para o avanço digital. Crianças, jovens, trabalhadores, terceira idade, todos, devem ser preparados para as exigências do século 21. Um artigo recente publicado na prestigiosa revista “Nature” aponta seis transformações fundamentais para os países alcançarem os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, propostos na Agenda 2030 das Nações Unidas. A transformação de número seis baseia-se na ampla adoção das tecnologias digitais, também conhecidas como Quarta Revolução Industrial, que incluem inteligência artificial, internet das coisas, 5G e big data.
As tecnologias digitais trazem inovação e disrupção a quase todos setores da economia e sociedade, como agricultura, mineração, manufatura, varejo, serviços, finanças, saúde, mídia, educação, ciência, governos e até mesmo a política. Seus benefícios podem ser sumarizados no aumento de produtividade, redução de custos de produção, diminuição de perdas nos processos produtivos, possibilidade de monitorar e proteger ecossistemas, além de criar condições para acelerar os processos de inovação.
Para cada problema público ou individual temos a impressão que há uma solução digital.
No processo de digitalização da sociedade, podemos agrupar os indivíduos em duas categorias, aqueles que são “empurrados’’ para o mundo digital e aqueles que querem fazer parte desse novo mundo. Ambos tem de ser preparados para que o país tenha uma força de trabalho mais qualificada para as novas exigências. Não há como evitar o mundo digital, por várias razões. Caixas eletrônicos, smartphones e serviços online não perguntaram às pessoas se estavam interessadas em mudar seus hábitos.
A queda nos preços de equipamentos, softwares e serviços facilitou a conectividade de empresas e indivíduos a todo ciberespaço. Ainda que desigual e diferenciado do ponto de vista de região, classe social e poder de compra, este acesso é potencializado pela expansão da economia informal. À medida que a tecnologia vai se tornando mais amigável às pessoas, ela se torna mais sedutora e indispensável. A empregabilidade e o empreendedorismo são fatores chaves na determinação das pessoas de todas as idades, que sabem que se quiserem ter uma chance neste mundo que emerge em bases digitais elas precisam se (re)qualificar.
O Brasil não vai sair do buraco em que se encontra se não encontrar vetores de convergência que tragam ganhos e benefícios a todos cidadãos. A digitalização é uma destas forças capazes de aglutinar atores de múltiplas tendências, regiões e interesses em torno de uma causa comum. Governos, setor privado e o terceiro setor devem buscar iniciativas no sentido de se acelerar este processo, que deve ser um movimento de massa e integrador em todo território nacional.
Ela é uma das forças capazes de reunir atores de múltiplas tendências, regiões e interesses em torno de causa comum.  Fonte: Valor Econômico - 17/09/19