Reafirmar que o Brasil vive uma tripla crise – sanitária, econômica e política – pode ser um truísmo, mas permite analisar a situação da educação superior e da pesquisa científica no Estado de São Paulo a partir de uma perspectiva mais ampla, a nacional. O contraste entre o cenário do País e o estadual é incontestável.
Essas investidas contra a educação superior e a pesquisa coincidem com um momento em que o mundo recorre fortemente à ciência para enfrentar a maior emergência de saúde recente, com suas consequências sociais e econômicas. Muitas sondagens de opinião pública no Brasil e em outros países atestam o crescimento do prestígio público da ciência.
A comunidade científica paulista tem respondido de maneira intensa e rápida aos dramáticos desafios impostos à sociedade pela pandemia. Uma força-tarefa de centenas de pesquisadores das universidades estaduais paulistas investiga todos os aspectos da doença, busca tratamentos eficazes e desenvolve tecnologias – incluindo testes e vacinas – para combatê-la.
Responsáveis por mais de 40% dos protocolos de pesquisas relacionados à covid-19 no País, pesquisadores paulistas já descobriram, por exemplo, o mecanismo que faz altos níveis de glicose potencializarem a ação do vírus em diabéticos e o papel da coagulação na evolução da doença. E têm testado – em muitos casos, com sucesso – protocolos clínicos de tratamento, como o uso de plasma de doador convalescente em doentes.
Em parceria com a Universidade de Oxford, pesquisadores paulistas sequenciaram o genoma do vírus do primeiro paciente brasileiro infectado e concluíram o sequenciamento de 500 isolados virais de pacientes de 21 Estados, identificando as três linhagens prevalentes no Brasil. O mais recente capítulo é a capacitação para produção e distribuição de vacina, a abordagem definitiva para suplantar a epidemia. Saiba mais. Fonte: Jornal da USP - 17/06/20