Na opinião de Marcos Neira, diretor da Faculdade de Educação da USP, neste momento será impossível assegurar que os estudantes guardem as medidas de biossegurança de propagação do vírus
Mesmo com a pandemia do novo coronavírus agravada após mais de quatro meses de suspensão das aulas escolares, com uma média móvel de mais de 40 mil casos e mil óbitos diários nos últimos sete dias, redes de ensino como a do Estado de São Paulo querem retornar às aulas presenciais em setembro. Diante dessa possibilidade, a Congregação da Faculdade de Educação (FE) da USP, reunida em 30 de julho, manifestou repúdio para a possibilidade de volta às aulas nas escolas.
“Não há qualquer condição para a retomada das aulas presenciais ainda este ano. Assim como a USP optou por manter as atividades remotas até o fim do ano letivo, sugerimos que o mesmo procedimento seja seguido da educação infantil ao ensino superior, tanto público como privado”, recomenda o professor Marcos Neira, diretor da FE-USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar. Ele ressalta que qualquer educador tem consciência de que “será impossível assegurar que crianças, adolescentes, jovens e adultos guardem as medidas de biossegurança que impeçam a circulação e propagação do vírus”.
Outro ponto abordado foi a quantidade de profissionais que fazem parte do grupo de risco e que deveriam permanecer afastados de suas atividades presenciais, pois estes, juntamente com demais membros da comunidade escolar, estariam mais vulneráveis. Em nome da Congregação, Neira diz reconhecer a insuficiência do ensino remoto para aprendizado de todos os estudantes, bem como as dificuldades de acesso e domínio de ferramentas virtuais pelos professores, pais e alunos. Contudo, há uma compreensão de que, nas atuais circunstâncias de índices de contaminação e mortes apresentados pelas Secretarias Estaduais de Saúde e o Ministério da Saúde, a prioridade deve ser dada às questões de saúde pública. Ouça a entrevista. Fonte: Jornal da USP - 03/08/20