Segundo Antonio Lancha Junior, comunicações a distância implicam uma tensão elevada: observa-se muitas pessoas nas salas virtuais com suas câmeras abertas, o que demanda muita atenção neurológica
Como
forma de dar continuidade a atividades que não puderam ser mantidas
presencialmente, grande parte da população passou a fazer uso constante de
plataformas de encontros virtuais, como o Zoom. Depois de meses de quarentena,
esse uso tem apresentado efeitos prejudiciais à saúde. É a chamada fadiga de
Zoom.
Segundo Antonio Herbert Lancha
Júnior, professor titular da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP,
a forma de trabalho remoto exige mais atenção e, consequentemente, um gasto de
energia muito maior. Assim, ele define a fadiga de Zoom como um esgotamento das
vias neurológicas, que recebem muita informação e podem responder de forma
inferior à sua capacidade real por conta desse cansaço.
Segundo ele, as comunicações a
distância implicam uma tensão elevada: observa-se muitas pessoas nas salas
virtuais com suas câmeras abertas. “Isso demanda muito no nosso grau de atenção
neurológico, superior a uma reunião presencial. Por isso, a demanda de neurotransmissores
é bem mais alta, levando a um quadro de fadiga dos receptores desses
neurotransmissores”, explica.
O professor dá algumas dicas
para melhorar as interações on-line, dentre elas, a diminuição da quantidade de
informações que recebemos. Ele sugere que evitem manter todas as câmeras
abertas, a fim de ter uma quantidade menor de energia demandada, especialmente
a visual. “Podemos acompanhar as reuniões lendo pautas ou notas relativas a
essas reuniões. Com isso, temos uma posição parecida com a que se tem em uma
reunião convencional.”
Lancha sugere, por fim, que se
crie uma etiqueta para as reuniões on-line: que as pessoas se inscrevam para
falar e, assim, ligar câmeras e microfones. “Muitas vezes, nas reuniões, por
falta de prática, acabamos atropelando os interlocutores, o que gera um cansaço
ainda maior”, completa. Ouça a íntegra da entrevista no player. Fonte: Jornal da USP - 19/10/20