Sites clonados
de periódicos continuam a enganar autores desavisados e levam pesquisadores a
oferecer dicas para identificar a contrafação
Pesquisadora da Universidade Livre de Berlim, a economista russa
Anna Abalkina está investigando o alcance e o impacto de um tipo cada vez mais
sofisticado de fraude: o sequestro de revistas científicas. Trata-se de um
golpe no qual impostores apropriam-se de títulos de periódicos legítimos e
passam a explorá-los em sites na internet, em geral oferecendo a chance de
publicação de artigos sem a necessidade de uma avaliação criteriosa, apenas em
troca de dinheiro. O embuste não é uma novidade. Os primeiros casos têm mais de
uma década e há listas que compilam dezenas de revistas atingidas pelo golpe,
que são usadas para alertar autores incautos.
Abalkina reuniu dados mostrando que há uma nova onda de sequestro
de periódicos cujos efeitos são pervasivos a ponto de o conteúdo fraudulento de
títulos clonados ser considerado como legítimo em bases de dados de publicações
científicas. Em um estudo divulgado em junho na plataforma ResearchGate, e
ainda não revisado por pares, a economista compilou uma relação de 17 revistas
que foram alvo desse tipo de fraude no passado recente e tiveram artigos
indexados na base Scopus. Vários deles são periódicos antigos, existentes só em
versão impressa. Os fraudadores criam um site falso que parece ser o oficial.
No preprint,
a pesquisadora convida colegas a informar eventuais outros casos e contribuir
com seu esforço de investigação.
Identificar um periódico clonado pode ser trabalhoso. Entre os
cuidados obrigatórios, destacam-se consultar listas de revistas que foram alvo
de sequestro e verificar se o endereço na internet atribuído à publicação
corresponde ao informado por bases de dados como a Web of Science ou a Scopus.
Mas há outras pistas que ajudam a evitar o engodo. Saiba mais.
Fonte: Pesquisa FAPESP - julho 2021