02 julho 2021

Nova onda de sequestros de revistas

Sites clonados de periódicos continuam a enganar autores desavisados e levam pesquisadores a oferecer dicas para identificar a contrafação

Pesquisadora da Universidade Livre de Berlim, a economista russa Anna Abalkina está investigando o alcance e o impacto de um tipo cada vez mais sofisticado de fraude: o sequestro de revistas científicas. Trata-se de um golpe no qual impostores apropriam-se de títulos de periódicos legítimos e passam a explorá-los em sites na internet, em geral oferecendo a chance de publicação de artigos sem a necessidade de uma avaliação criteriosa, apenas em troca de dinheiro. O embuste não é uma novidade. Os primeiros casos têm mais de uma década e há listas que compilam dezenas de revistas atingidas pelo golpe, que são usadas para alertar autores incautos.
Abalkina reuniu dados mostrando que há uma nova onda de sequestro de periódicos cujos efeitos são pervasivos a ponto de o conteúdo fraudulento de títulos clonados ser considerado como legítimo em bases de dados de publicações científicas. Em um estudo divulgado em junho na plataforma ResearchGate, e ainda não revisado por pares, a economista compilou uma relação de 17 revistas que foram alvo desse tipo de fraude no passado recente e tiveram artigos indexados na base Scopus. Vários deles são periódicos antigos, existentes só em versão impressa. Os fraudadores criam um site falso que parece ser o oficial. No preprint, a pesquisadora convida colegas a informar eventuais outros casos e contribuir com seu esforço de investigação.   
Identificar um periódico clonado pode ser trabalhoso. Entre os cuidados obrigatórios, destacam-se consultar listas de revistas que foram alvo de sequestro e verificar se o endereço na internet atribuído à publicação corresponde ao informado por bases de dados como a Web of Science ou a Scopus. Mas há outras pistas que ajudam a evitar o engodo.   Saiba mais.    
Fonte: Pesquisa FAPESP - julho 2021