Cientistas
que passam toda a carreira em uma mesma instituição tendem a ter agendas de
pesquisa menos ambiciosas e produção de baixo impacto, diz estudo
Pesquisadores que constroem sua carreira na mesma instituição em
que obtiveram o doutorado tendem a se dedicar a estudos de caráter incremental,
de baixo impacto e focados na confirmação de ideias estabelecidas. Já os
cientistas que diversificam sua experiência profissional e migram para
instituições diferentes daquelas em que se doutoraram se engajam mais em
trabalhos colaborativos, multidisciplinares e orientados à produção de
conhecimento novo e disruptivo, mesmo em um cenário de escassez de
financiamento. A distinção entre esses perfis marca as conclusões de um estudo
publicado na revista Higher Education Quarterly que analisou a relação entre mobilidade acadêmica e
agenda de pesquisa de cientistas em mais de 140 países.
O trabalho se baseou em dados de 7.158 pesquisadores de diferentes
áreas do saber que publicaram pelo menos um artigo em periódicos internacionais
entre 2010 e 2016. Eles preencheram um questionário sobre sua trajetória
acadêmica, no qual informaram as instituições em que obtiveram o doutorado e
trabalharam, suas linhas de pesquisa e principais publicações nos últimos anos.
Os autores então cruzaram essas informações com dados sobre a produção
científica dos participantes armazenados na base Scopus, da editora Elsevier.
“Isso nos permitiu determinar o grau de mobilidade de cada um deles e
categorizá-los de acordo com diferentes agendas científicas”, informa o
sociólogo português Hugo Horta, da Faculdade de Educação da Universidade de
Hong Kong, um dos autores do trabalho. Saiba mais.
Fonte: Pesquisa FAPESP - ago. 2021