07 fevereiro 2022

Preços abusivos praticados por revistas renomadas refletem escolhas erradas da comunidade científica

Em outubro de 2021, escrevi um artigo para a revista Questão de Ciência questionando a precificação dos artigos e a política editorial de acesso aberto de alguns jornais científicos. A discussão sobre o preço abusivo cobrado pelas editoras veio à tona em janeiro deste ano com um editorial da revista Nature Neuroscience que anunciava a “oportunidade” de optar pela categoria ouro para publicação de um artigo em acesso aberto pagando meros US$ 11,39 mil. O valor exorbitante, mais de R$ 60 mil, fala por si.
Embora o início do Movimento de Acesso Aberto remonte aos anos 1970 com o projeto Gutenberg, nunca houve um esforço tão grande e coordenado das universidades para aperfeiçoar as políticas relacionadas ao Acesso Aberto. É imprescindível que cada vez mais pessoas tenham contato com o conhecimento produzido na Academia. Porém, paralelamente às iniciativas acadêmicas de universalização do conhecimento, houve também uma adaptação das editoras de revistas tradicionais, condicionando a publicação de artigos abertos ao pagamento de valores abusivos.
No artigo Current market rates for scholarly publishing services, publicado em 2021, os pesquisadores Grossmann e Brembs estimam, de maneira bastante detalhada, os custos de publicação de artigos no formato de acesso aberto. O artigo faz a estimativa considerando um trabalho nas áreas de ciência, tecnologia e medicina com 18 mil palavras e 10 figuras ou tabelas. Os autores enfatizam que a estimativa é conservadora e representa um limite superior para o valor por artigo publicado.   Saiba mais.   Fonte: Unesp - 07/02/22