Os textos de artigos científicos estão cada vez mais complexos e
cifrados, e isso não se deve apenas à fragmentação e especialização do
conhecimento, mas também ao uso excessivo de frases longas, siglas e jargões. O
fenômeno não é exclusivo das ciências exatas e biológicas. Um levantamento
recente feito por pesquisadores da Faculdade de Arte e Humanidades da
Universidade de Macau, na China, sugere que o problema está presente,
igualmente, em revistas das áreas de linguística e linguagem.
No estudo, coordenado pela linguista Shan Wang e publicado em
julho na revista Scientometrics, os autores se debruçaram sobre 71.628
resumos de papers divulgados entre 1991 e 2020 em 187
periódicos dessas áreas no Social Science Citation Index (SSCI), banco de dados
da empresa Clarivate Analytics. A análise se baseou em um conjunto de nove
indicadores, desenvolvidos nos últimos 50 anos e comumente empregados para
determinar o grau de legibilidade dos textos, a partir de variáveis como
comprimento das frases, número de sílabas por palavra e percentual de “palavras
difíceis”, isto é, pouco usadas ou conhecidas. Um software atribuiu a cada
resumo uma pontuação de acordo com a facilidade de entendê-lo. Os resultados
indicam que os resumos dos artigos nessas áreas são pouco inteligíveis – alguns
obtiveram pontuação tão baixa que compreendê-los é tarefa quase impossível. Saiba mais.
Fonte: Pesquisa FAPESP - set. 2022