12 dezembro 2024

Quebrando o vidro

Em 2016, Marcus Oliveira, bioquímico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, submeteu um estudo sobre o metabolismo de um parasita tropical a uma revista de acesso aberto com sede nos Estados Unidos. Foi o nono artigo que ele publicou na revista, para o qual ele também se ofereceu como revisor de dezenas de artigos. Mas desta vez ele não podia pagar a taxa de processamento de artigos (APC) de US$ 1200, pois seu financiamento estava quase esgotado. Ele solicitou a isenção de taxas que a revista diz oferecer a autores de países de baixa renda, mas as negociações foram tensas. “Em algum momento, o jornal solicitou que eu enviasse a eles um extrato bancário pessoal para provar que eu não tinha os meios.” No final, ele conseguiu a isenção, mas a experiência o afastou dos periódicos comerciais publicados no Norte Global e o afastou de um modelo que floresceu na América Latina: periódicos sem fins lucrativos de acesso aberto. Essas publicações, geralmente administradas por instituições acadêmicas ou sociedades científicas, cobram APCs relativamente baixas, no que é conhecido como modelo ouro, ou nada, conhecido como modelo diamante. A Science analisou quase 20.000 periódicos listados em um repositório de periódicos de acesso aberto entre 2019 e 2023 e descobriu que um em cada quatro periódicos modelo diamante é publicado na América Latina. A maioria – 83% – não é comercial, baseada em universidades.   Saiba mais.   Fonte: Jornal da Ciência – 11/12/24