Em 2016, Marcus Oliveira, bioquímico da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, submeteu um estudo sobre o metabolismo
de um parasita tropical a uma revista de acesso aberto com sede nos Estados
Unidos. Foi o nono artigo que ele publicou na revista, para o qual ele também
se ofereceu como revisor de dezenas de artigos. Mas desta vez ele não podia
pagar a taxa de processamento de artigos (APC) de US$ 1200, pois seu
financiamento estava quase esgotado. Ele solicitou a isenção de taxas que a
revista diz oferecer a autores de países de baixa renda, mas as negociações
foram tensas. “Em algum momento, o
jornal solicitou que eu enviasse a eles um extrato bancário pessoal para provar
que eu não tinha os meios.” No final, ele conseguiu a isenção,
mas a experiência o afastou dos periódicos comerciais publicados no Norte
Global e o afastou de um modelo que floresceu na América Latina: periódicos sem
fins lucrativos de acesso aberto. Essas publicações, geralmente administradas
por instituições acadêmicas ou sociedades científicas, cobram APCs
relativamente baixas, no que é conhecido como modelo ouro, ou nada, conhecido
como modelo diamante. A Science analisou quase 20.000 periódicos listados em um
repositório de periódicos de acesso aberto entre 2019 e 2023 e descobriu que um
em cada quatro periódicos modelo diamante é publicado na América Latina. A
maioria – 83% – não é comercial, baseada em universidades. Saiba mais.
Fonte: Jornal da Ciência – 11/12/24