O projeto Parent in Science, que
luta por equidade para pesquisadores e pesquisadoras com filhos, lançou
campanha para reivindicar a inclusão de um campo na Plataforma Lattes, para que
se possa indicar a condição de maternidade e paternidade. Mantida pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a plataforma é o
sistema oficial do Brasil para cadastro de cientistas das diversas áreas do
conhecimento.
Como representa, basicamente, o cartão de
visita dos cientistas no mundo acadêmico e profissional, a campanha tem por
objetivo melhorar a avaliação que seus pares fazem sobre seu trabalho. Isso se
explica porque muitos deles acabam tendo dificuldades para conciliar os
cuidados dos filhos com o desenvolvimento das pesquisas. Em alguns casos,
chegam a interromper totalmente a carreira durante certo período.
De acordo com o projeto, a chegada dos
filhos pode causar impacto significativo na produção dos pesquisadores,
especialmente das mulheres. A desaceleração na elaboração de artigos pode durar
até quatro anos, o que, consequentemente, acaba afetando seu currículo e
gerando desvantagem em relação a colegas.
Assim, com a possibilidade de sinalizar a
parentalidade no Currículo Lattes, recrutadores, universidades e agências de
fomento à pesquisa poderão compreender o por quê da queda em sua produção.
“Várias agências de fomento e instituições
de ensino e pesquisa já utilizam essa informação em editais de financiamento,
processos seletivos, avaliação de progressão funcional e cadastro de docentes
orientadores nos PPGs [programas de pós-graduação], ampliando o período de
análise do currículo das cientistas mães”, argumentam representantes do
projeto, em postagem no Facebook.
Em 2019, o Parent in Science apresentou um
pedido formal ao CNPq, mas, até o momento, não foi atendido. A Agência
Brasil perguntou ao CNPq se a medida será concretizada e aguarda
retorno. Fonte: Jornal da Ciência - 06/01/21