No Brasil, contrariamente ao que ocorreu em quase todos os países ocidentais com larga tradição de pesquisa, a pós graduação não significou simplesmente a organização da formação de pesquisadores em um outro patamar institucional, mas a própria organização da pesquisa cientifica no país. Disso resultou um modo peculiar de organizar a pesquisa, que é muito devedor dos modelos, exigências, rituais e modos de consagração próprios ao campo acadêmico-científico.
Assim, a pesquisa foi expandida e, ao mesmo tempo, constrangida pela elaboração e apresentação públicas de dissertações, teses, artigos, relatórios e livros que, em boa parte, estavam mais voltados para a consagração acadêmica e intelectual e a inserção institucional de seus autores do que propriamente com a inovação científica e tecnológica e com o desenvolvimento social e cultural brasileiros. Capturadas por essa lógica que presidiu a organização do sistema e, também, a ação das agências de fomento, avaliação e regulação, não é por acaso que existe uma distância das pesquisas em relação à aplicação e à produção de tecnologias e, mesmo no campo das ciências humanas e sociais, o seu baixo impacto nas políticas públicas.