16 abril 2015

A porosidade do conhecimento

É possível afirmar, embora nem sempre fácil de entender, que uma instituição de educação superior deve ser porosa. Importa, então, estar aberta à sociedade. Assim, é condição inquestionável que esteja em sintonia com o mundo do trabalho, já que o profissional do século 21 precisa estar atualizado e pronto para enfrentar as mudanças decorrentes da revolução tecnocientífica. Frente a essa realidade, não é difícil reconhecer que um centro de saber distante da sociedade encontra-se em estado de letargia.
Desse modo, avançar e progredir consubstanciam-se nos ambientes de inovação e nos processos de desenvolvimento em que se inserem as universidades e as instituições de pesquisa. Um exemplo é o Instituto de Medicina Aeroespacial, em Bonn, que realiza investigações no Centro Europeu de Astronautas, e este, por sua vez, apoia-se nos estudos e nas experiências da Agência Espacial Europeia.
Esses empreendimentos funcionam em conexões de redes entre Universidades da Europa e dos Estados Unidos. Outro exemplo é a reativação do Large Hadron Collider, maior acelerador de partículas do mundo, da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, situado na região de Genebra. Esse megaempreendimento conta com 11 mil cientistas e engenheiros, representando 580 universidades e centros de pesquisa, atuando em rede. Resulta evidente que, graças à porosidade, ou seja, à predisposição para a troca, essas duas realidades _ ciência vinculada à universidade e ao setor público ou privado _ passam a exercer um papel preponderante na transferência de tecnologia. Reafirmo o pensamento de Gerhard Casper, ex-reitor da Universidade de Stanford: “A universidade é colega da mudança, e a mudança o é da universidade que, junto ao mundo empresarial e, articulado com a área pública, aceleram o desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico.
Conhecimento, ciência, tecnologia e inovação são porosos e apontam para uma nova educação, em rede, que ensina a conjugar os verbos criar, inovar, aprender e servir.  Podem, contudo, servir melhor ao progresso da nação se forem permeados pelas humanidades e pelo exercício da cidadania.