15 dezembro 2017

Uma saída para pesquisadores vítimas de periódicos predatórios

Em alguns casos, é possível publicar novamente artigo usado por editores fraudulentos, segundo comitê de publishers acadêmicos
O fato não é recente, mas certamente é novidade para muitos pesquisadores. E é uma boa notícia para autores que alegam que não sabiam que estavam lidando com periódicos predatórios ao enviar um artigo para publicação. É possível, dentro de determinadas condições, publicar novamente o trabalho em outra revista, mesmo que a predatória se recuse a retirá-lo, segundo orientação do Comitê de Ética da Publicação (Cope).
O assunto veio à baila na segunda-feira (11) no artigo “When Authors Get Caught in the Predatory (Illegitimate Publishing) Net, publicado no site The Scholarly Kitchen por Phaedra Cress, editora-executiva do Aesthetic Surgery Journal.
Cress relata um caso do ano passado, quando o Cope foi consultado por um pesquisador que afirmou que não conhecia a má reputação de um periódico que lhe enviou um convite para envio de artigos e para o qual encaminhou um manuscrito para avaliação. O autor afirmou que se surpreendeu com a publicação do trabalho sem qualquer evidência de ter sido realizada a revisão por pares e que solicitou a remoção do artigo por e-mail e correspondência registrada, mas que não foi atendido.
O pesquisador enviou o mesmo trabalho para avaliação de outro periódico, explicando o que aconteceu. O editor-chefe entendeu que poderia publicar o artigo, pois o autor nem sequer havia assinado cessão de direitos autorais para o periódico predatório. O Cope concordou e publicou sua recomendação sobre o caso. (“Withdrawal of accepted manuscript from predatory journal”).

Predatórios no Qualis
No Brasil, pelo menos 485 periódicos acusados de recorrer a más práticas editoriais são usados por professores, pesquisadores e pós-graduandos, segundo o site Preda Qualis, lançado em novembro por três docentes da USP, Unesp e UFABC. Essas publicações estão na plataforma de dados online Qualis Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que reúne e classifica cerca de 26,5 mil títulos e serve para orientar pesquisadores, professores e pós-graduandos a escolher de revistas acadêmicas para publicar seus trabalhos. 
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