Órgãos ou agências independentes, trabalhando em modelos similares aos comitês de ética organizados para avaliar casos de má conduta, poderiam dar respostas rápidas e efetivas. No modelo proposto por Faulkes, essas organizações deveriam ser formadas por indivíduos com diferentes experiências, como comunicação científica, investigação de má conduta e resolução de conflitos, e poderiam prestar serviços a diversos periódicos ao mesmo tempo, sempre a convite de seus editores. Como a autoridade sobre esse tipo de decisão pertence aos periódicos, o resultado da mediação ou da arbitragem seria encaminhado às revistas na forma de uma recomendação, cabendo a eles referendá-la.
“As discussões sobre conflitos de autoria frequentemente focalizam a prevenção e raramente tratam de como resolvê-los”, escreveu o biólogo, que é pesquisador da Universidade do Texas em Rio Grande Valley, nos Estados Unidos. Segundo ele, quando uma disputa eclode após a publicação de um paper, a praxe é sugerir aos litigantes que tentem resolver entre si. “Mas é pouco provável que isso aconteça, porque geralmente há desnível de poder entre os membros do time que assinou o artigo. E universidades e agências de fomento raramente têm autoridade sobre todos eles simultaneamente.” Também é incomum, de acordo com Faulkes, que a briga vá parar na Justiça, pelo desgaste e custo envolvidos em processos.
A arbitragem, ele observa, tem se mostrado eficiente para resolver conflitos de autoria na indústria do cinema, em que o reconhecimento da contribuição envolve prestígio e dinheiro.“O crédito de roteiros de filmes pode ser definido por arbitragem e normalmente o árbitro final é uma associação chamada Writers Guild of America. Ela tem regras para determinar quem recebe o crédito, embora haja margem para interpretações, como o que é uma ‘contribuição substancial’”, explicou Faulkes em seu blog na internet. Fonte: Revista FAPESP - dezembro 2018