14 março 2018

Ciência é investimento... Mas em quê? O desafio da comunicação e disseminação científica

A defesa de C&T é um discurso amplamente aceito no plano teórico-abstrato, mas que se mostra difícil de ser legitimado concretamente. E a dificuldade se dá não pela ausência de resultados – que são muitos, mas porque muitas vezes não conseguimos expressá-los claramente para a população. Falta-nos uma cultura de diálogo com a sociedade, não sentimos que devemos satisfação àqueles que financiam nossos trabalhos. O Brasil titulou em 2016 cerca de 60 mil mestres e 20 mil doutores. É imperativo questionar quantas dessas dissertações e teses foram conhecidas por pessoas além da banca de defesa. Quanto conhecimento produzido poderia enriquecer nossa compreensão em diversas áreas, mas permaneceu trancafiado por fórmulas e jargões científicos nas bibliotecas universitárias?
Explicar as raízes desse traço cultural é tarefa complexa que transcende este artigo. Algumas hipóteses que vêm sendo debatidas são a ausência de treinamento específico em comunicação de resultados e a abordagem paternalista e autoritária do discurso científico destinado ao público geral. Olhando para o caso brasileiro, percebe-se que o debate circunscrito ao círculo de iniciados é uma característica que perpassa todas as etapas da vida profissional do pesquisador. Como bolsistas, nossos produtos são na maior parte dos casos relatórios e artigos para uma audiência seleta e altamente especializada. Como professores ou pesquisadores, nossas metas e resultados são mensurados por publicações e apresentações em periódicos e eventos científicos.  Leia mais
Daniel Colombo - Doutor em Economia do Desenvolvimento pela USP, membro da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Ministério do Planejamento, e atualmente sou pesquisador no INEP/MEC (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)