03 fevereiro 2022

Acesso aberto a artigos científicos volta à discussão após mudanças no grupo Springer Nature

Taxas de milhares de dólares são fora da realidade de países em desenvolvimento

Memes satíricos encheram as redes sociais de cientistas do mundo todo quando, em janeiro deste ano, o periódico especializado Nature Neuroscience decidiu fazer um editorial destacando sua recente política para publicação de artigos de acesso aberto -ou seja, que podem ser lidos por qualquer pessoa que disponha de conexão de internet, sem necessidade de uma assinatura.
"Essa transição reflete nosso comprometimento com a ciência aberta e a forte demanda da comunidade científica", declarou a revista. O preço da mudança: US$ 11,39 mil (ou mais de R$ 60 mil) por artigo, valor pago pelos próprios cientistas que querem publicar a pesquisa.
Apesar do bafafá online há poucas semanas, a política, na verdade, tem sido implementada desde o começo de 2021 nas principais revistas do grupo Springer Nature, uma das mais importantes editoras de periódicos científicos em nível global (o de maior prestígio é a britânica Nature).
Embora a Springer Nature argumente que o valor se justifica pelos serviços oferecidos pelas publicações aos cientistas e pela alta competição por espaço em suas páginas, pesquisadores dizem que a taxa está fora da realidade para países em desenvolvimento, como o Brasil. Além disso, criaria barreiras para a livre divulgação de resultados de pesquisa justamente quando esse seria um dos objetivos do modelo de acesso aberto. Saiba mais
Fonte: Folha de S. Paulo - 02/02/22